segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
chicken talk
Hoje, me faz horror conter, uma vez que o devorei, o mais caro, o único amante que me amou. Eu sou seu túmulo. A terra nada é. Morte. As vêrgas e os vérgeis saem de minha boca. A sua embalsama meu largo peito aberto. Uma rainha-cláudia incha seu silêncio. As abelhas escapam de seus olhos, de suas órbitas, onde as pupilas fluíram, líquidas, sob as pálpebras flácidas. Comer um adolescente fuzilado sôbre as barricadas, devorar um jóvem herói não é coisa fácil. Todos amamos o sol. Eu tenho a bôca em sangue, e os dedos. Retalhei a carne com os dentes. Em geral, os cadáveres não sangram - o seu sim.
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