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A aproximação entre a Primeira Campainha e o Heliogábalus começou durante o Festival de Curitiba deste ano, quando o grupo mineiro se apresentava na capital paranaense. Ambos se reconheceram tanto nas afinidades estéticas quanto na postura e no discurso, por mais que seus processos criativos gerem resultados distintos.
Escolhidos para conviver artisticamente durante uma semana pelo Projeto Galpão Convida: Intercâmbio, os grupos trabalham desde o início da semana no projeto "Damas Indignas das Alterosas". Foi um período de trocas de referências, escritas conjuntas e passeios pelo bairro do Horto que culmina em uma ação cênica com 24 horas de duração. Será iniciada hoje, às 6h, na Praça da Estação, e segue até às 21h, quando se transforma em uma festa performática no Galpão Cine Horto.
Para concluir, amanhã os dois grupos se reúnem novamente às 17h, também no Galpão Cine Horto, para um bate-papo sobre o tema Diálogos Afetivos em Bando.
A ideia de diálogos afetivos é cara à Primeira Campainha, e está relacionada à maneira como os dois grupos se organizam, em constante diálogo com outros criadores e coletivos. "A primeira semelhança que conseguimos identificar foi essa nossa configuração de rede, com trabalhos em grupos distintos e colaborações em vários projetos de criação. Não nos encerramos numa formação de grupo com uma identidade única", comenta Marina Viana, atriz da Primeira Campainha.
Ricardo Nolasco, ator do Heliogábalus, define essa postura como de "bando". "Não é tanto uma ideia de trabalho, mas de um compartilhamento de vida", diz o curitibano.
Também nas questões temáticas, os dois grupos encontraram pontos de diálogo, tais como a discussão de gênero, o feminismo e o feminino. "Principalmente a partir da peça Elisabeth Está Atrasada", constata Nolasco.
Invasão. Durante essa semana juntos, curitibanos e mineiros se deixaram invadir mutuamente. Os manifestos de Marina Viana caíram nas mãos de Sabrina Lopes, do Heliogábalus, que os usou como matéria-prima de suas colagens. Mariana Blanco, por sua vez, se influenciou pelo conceito de clausura trazido por Vera Pequeno, do grupo curitibano.
Todos juntos escreveram um novo manifesto para se posicionarem como corpos políticos e transformadores do cotidiano do Horto por um momento, questionando noções como a de brasilidade.
A forma do manifesto, aliás, casa com a vontade de revolução que rege o Heliogábalus. "É uma revolução do indivíduo, e a ideia que esses indivíduos podem mudar o sistema", diz Nolasco.
A postura tanto da Primeira Campainha quanto do Heliogábalus remete ao "lado B", ou seja, ao que está à margem, mas sem lamentações.
Todo esse arcabouço de questões em comum e provocações mútuas, aberto para valorizar a possibilidade do encontro e de trocas, serve os grupos no roteiro de ações performáticas, com um aspecto ritual, planejado para o dia de hoje. Segundo Nolasco, alguns momentos serão transmitidos por streaming e Facebook.
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