domingo, 29 de março de 2009

"Le Magnifique Nouvelle...: não vá ao teatro, mas me convide"

Não gostei, não recomendo, mas comunico: fiquei fã do grupo Heliogábalus, uma das novidades do teatro curitibano neste Fringe. Falo de Le Magnifique Nouvelle de La Passion peça que o público aplaude de pé (pois ocupa o mesmo piso dos atores sem poder sentar...) e é provocativo (provoca a vontade de ir embora). Soa como um rude exercício da pior safra de uma pseudo-vanguarda, mas... porque fiquei fã? Porque as soluções desta aparentemente irracionalidade são geniais e recheadas de lógica. Sem ironia! Na próxima montagem desta trupe, eu volto.

Diálogos projetados em telão como inter-títulos de cinema mudo é a primeira atração. Eles apresentam os dois conflitos, que serão ressaltados no palco por um quinteto de atores que não fala, mas grunhe, rosna e geme: o do homem com a máquina e o da ambigüidade sexual. O pouco que se fala sai de duas atrizes, que ressaltam pontos-chaves.

O quinteto representa um casal pré-histórico e um trio de gestos e fantasias robóticos, formado por outro casal e um sujeito ambíguo, que tem rodas nos pés (de patins) e seios no lugar da bunda (insinuados por bexigas laranjas). Salvo engano meu, trata-se do filho do David Bowie com o Edward Mãos de Tesoura. Na sugestão de Le Magnifique Nouvelle de La Passion, o espetáculo de uma, digamos, mutação da sexualidade não altera os conflitos amorosos seculares: ciúme e desejo são imutáveis.

Os tais conflitos, aliás, são o que há de (muito) pior no palco. O casal das cavernas joga o corpo um contra o outro (às vezes, esbarra no público) em cenas de um teor artístico comparáveis à das piores brigas de rua (e na rua é de graça!). Ao mesmo tempo, com a coreografia de um tosco torneio de patinação, o casal cibernético se ama, se odeia e se estapeia competindo pelo terceiro indivíduo da relação.

O que há de melhor são as cenas-chaves. Sobra ternura de fábula na transformação do robô em homem de barro pelas mãos da primitiva, que solta um riso de 5 minutos como quem constata: “O que é o futuro senão um animal como eu?”. E um simbolismo grotesco (a água jorra de um saco plástico perfurado sobre as atrizes) patrocina o belo encontro de duas mulheres separadas por milênios e unidas no mesmo gozo, com uma claridade de luz que finaliza uma hora de escuridão. Os atores não voltam para os aplausos como quem avisa: o fim é o êxtase, não há mais o que falar.

Não me responsabilizo pelo dinheiro que você vai jogar fora. Contei a peça quase inteira porque sei que você não irá vê-la. O corre-corre corrói mais da metade do tempo. Ô, paciência! Mas os poucos instantes de fascínio são convites suficientes para que eu volte na próxima empreitada. E digo mais: pagando ingresso!

Por Ayrton Baptista Junior, no dia 26.03.2009, no site da Curitiba Interativa

http://www.curitibainterativa.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=16936

sábado, 21 de março de 2009


Fica realmente difícil de entender o que move os jovens grupos curitibanos a se reunir sob um mesmo guarda-chuva, na Mostra Novos Repertórios, quando se pensa o que há em comum entre eles, do ponto de vista do que levam à cena.

A diversidade pura e simples justifica? Ou, como se ouviu alguém sugerir no corredor do Teuni, é só uma questão de chamar a atenção?

A pergunta vem à tona porque a estreia de Le Magnifique Nouvelle de la Passion, peça da Cia. Heliogábulus, destoou do que se costumava ver na mostra nos dois anos anteriores, em termos estéticos e de qualidade inclusive.

Começou que um atraso de 30 minutos em um espetáculo marcado para a meia-noite, em uma quinta-feira, não anima muito. Detalhe. O desconforto do público se manifestou mesmo ao entrar no teatro e não encontrar um lugar para sentar. Não que disso não pudesse vir uma proposta instigante.

Veio um vídeo interessante sobre matar ou deixar morrer a lagarta ou a folha. E vieram atores vestidos em figurinos de plástico, com bexigas estrategicamente posicionadas em uma crítica bastante clara ao padrão estético, às cirurgias plásticas, ao mundo robotizado.

Também clara, direta, era a mensagem lida por Léo Glück, sobre limites entre gêneros, e a realidade de que cada um precisa lidar com o seu próprio corpo, amá-lo e odiá-lo, porque é o único que tem.

A agressividade dos atores revela a pulsão de algo a comunicar, a fúria, a ansiedade, o grotesco da vida. A forma como transformam intenção em ação afasta o público. Literalmente inclusive. Causa espectadores acuados, desejantes de abandonar aquele espaço.

Será que eles voltam?"

Enviado por Luciana Romagnolli, 20/03/2009 ao Blog do Caderno G da Gazeta do Povo.

quinta-feira, 19 de março de 2009

quarta-feira, 4 de março de 2009

Essa manhã senti vontade de ser ligada em fios de alta voltagem, para sentir meus poros estourando, um a um, nessa carcaça desgastada pelo sacrifício.

Pode-se dizer que eu sublimei. Transgredi a essência in-humana pela destituição da categoria específica classificatória/taxativa. Hoje eu acordei com um supositório megalômano enfiado em minha boca e compreendi essa maestria universal - a perturbação constante. Ao contrário do que se pensa, me sinto grata por haver esse disparate ideológico, pois a partir disso entra em vigor o meu clímax revolucionário e só assim meu show causa impacto. Eu não suporto ser corriqueira. Se o caos fosse costume, eu me apropriaria de uma maneira lúdica de ser clássico-conservadora.

Hildegard.

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LE MAGNIFIQUE NOUVELLE DE LA PASSION
FESTIVAL DE CURITIBA 2009
FRINGE - Mostra Novos Repertórios
Dias: 19.3 à meia-noite, 22.3 às 18 horas, 23.03 às 21 horas, 24.3 à meia-noite, 25.3 às 18 horas, 26.3 às 21 horas e 29.3 à meia-noite
Local: TEUNI - UFPR

segunda-feira, 2 de março de 2009

Vem aí Le Magnifique Nouvelle De La Passion


O movimento impetuoso metamorfose/sexo/escárnio lança o Zeitgeist à transgressão da carne.
Espíritos absolutos e irascíveis calam-se ao contemplar o lado negro da lua.
O silêncio que antecede a revolta.




Serviço:
FESTIVAL DE CURITIBA 2009
FRINGE - Mostra Novos Repertórios
Dias: 19.3 à meia-noite, 22.3 às 18 horas, 23.03 às 21 horas, 24.3 à meia-noite, 25.3 às 18 horas, 26.3 às 21 horas e 29.3 à meia-noite
Local: TEUNI - UFPR