sábado, 21 de março de 2009


Fica realmente difícil de entender o que move os jovens grupos curitibanos a se reunir sob um mesmo guarda-chuva, na Mostra Novos Repertórios, quando se pensa o que há em comum entre eles, do ponto de vista do que levam à cena.

A diversidade pura e simples justifica? Ou, como se ouviu alguém sugerir no corredor do Teuni, é só uma questão de chamar a atenção?

A pergunta vem à tona porque a estreia de Le Magnifique Nouvelle de la Passion, peça da Cia. Heliogábulus, destoou do que se costumava ver na mostra nos dois anos anteriores, em termos estéticos e de qualidade inclusive.

Começou que um atraso de 30 minutos em um espetáculo marcado para a meia-noite, em uma quinta-feira, não anima muito. Detalhe. O desconforto do público se manifestou mesmo ao entrar no teatro e não encontrar um lugar para sentar. Não que disso não pudesse vir uma proposta instigante.

Veio um vídeo interessante sobre matar ou deixar morrer a lagarta ou a folha. E vieram atores vestidos em figurinos de plástico, com bexigas estrategicamente posicionadas em uma crítica bastante clara ao padrão estético, às cirurgias plásticas, ao mundo robotizado.

Também clara, direta, era a mensagem lida por Léo Glück, sobre limites entre gêneros, e a realidade de que cada um precisa lidar com o seu próprio corpo, amá-lo e odiá-lo, porque é o único que tem.

A agressividade dos atores revela a pulsão de algo a comunicar, a fúria, a ansiedade, o grotesco da vida. A forma como transformam intenção em ação afasta o público. Literalmente inclusive. Causa espectadores acuados, desejantes de abandonar aquele espaço.

Será que eles voltam?"

Enviado por Luciana Romagnolli, 20/03/2009 ao Blog do Caderno G da Gazeta do Povo.

4 comentários:

Mister Wild disse...

É engraçado como tudo parece elogioso.
A coisa que eu mais gostaria de ver na vida seria um espetáculo que o público não supotasse ficar até o final.
Parafraseando Sade, nunca farei um espetáculo teatral. Pois,caso faça, quando a cortina abrir o público não irá suportar o que irá ver.

Anônimo disse...

tambem acho que a critica sem intensao sai a nosso favor! super divertido, queremos um publico acordado e atento, nao uma plateia de zumbis!

Anônimo disse...

Olá pessoas da Heliogábalus! Não conhecia o trabalho do grupo e assisti "Le Magnifique..." ontem. Quanto ao atraso de 30 minutos citado pela jornalista, concordo plenamente, ainda mais no festival onde algumas pessoas "engatam" uma peça na outra. E, como respeito a todos, acho legal a questão da pontualidade. Quanto ao espetáculo posso dizer que gostei muito do que vi: concepção, dramaturgia, pesquisa, atuação e performances do elenco, trilha, vídeo e a plástica do espetáculo. Um trabalho bem consistente, que diz sim a que veio. Foi uma experiência estética muito boaaa!!! Merda para o grupo e longevidade à Cia!!! P.S.: quando o espetáculo acabou eu achei que ainda tinha muita coisa pela frente, pois tava na espectativa. Por mim poderia durar umas três horas.

Mister Wild disse...

Esta questão dos atrasos me atormenta faz já um bom tempo. Concordo que não é agradável...e inclusive pode parecer anti profissional. Mas todas as vezes que isso ocorreu foram por problemas técnicos relacionados a logística do festival.Se atrasamos foi por respeito ao público e ao nosso trabalho. me recusarei, por todo o sempre, fazer trabalho manco. com luz na geral,por exemplo, a não ser que seja esta a proposta.
Apenas não digo que atrasamos por profissionalismo. SIM! por não entender teatro como emprego/trabalho.
"QUEM VIVE NO AMOR LIVRE NÃO TEM EMPREGO.NÃO TEM HORA.NEM OBRIGAÇÃO"
Hakin Bey