sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

- Acordei essa manhã e não mais vi as protuberantes pústulas em minha testa. Nunca foi de meu costume apegar às levianidades do mundo, mas as minhas eternas companheiras eram o meu único conforto em noites de solidão. Eu não gosto de solidão, sabe? Certo dia eu dormi em cima de um ramo de visco, e ele era escorregadio, e eu deslizei, e bati a cabeça no chão, e minhas pústulas estouraram. Eu chorei. Não doeu, mas eu chorei.
Acordei essa manhã e chamei pelos nomes de meus fantasmas. "JÚLIO CÉSAR MACHADO DE ALBURQUERQUE DEL-REY! VENHA ATÉ AQUI E PREPARE MEU CAFÉ COM TORRADAS E GELÉIA DE MARMELO!" Como era de se esperar, não houve resposta. Porque o mundo me repudia desde que perdi minhas queridas, minhas amadas, minhas deliciosas companheiras. Antes eu tinha fama, tinha glamour, frequentava festas e a alta sociedade me acolhia. Eu chegava e era ovacionado, e minhas meninas vibravam dentro de mim. Agora uma névoa de repressão me rodeia, e onde eu passo todos me olham como se eu fosse um mutilado. Talvez eu seja.
Desde que acordei, tenho tentado dissimular minhas reações. Hoje fui às compras, como todas as manhãs, trouxe os legumes para o almoço, coloquei a água no fogo, mas o mundo conspira contra mim. Os legumes, ao me ver, murcham; a água ao me ver congela; o ar ao me ver se densifica. Eu não sei viver sem minhas senhoritas. Se alguém encontrá-las, entre em contato comigo com urgência, por favor.

Hildeg.

3 comentários:

Mister Wild disse...

é otimo!!!!!

hildegard ganha vida

Anônimo disse...

Trago-as em meu saco escrotal.

Se quiseres, tiro-as já e tas dou.


;P

Renato Sbardelotto disse...

você acha que está bem assim?
eu lhe trago o espelho.